segunda-feira, 21 de abril de 2008

A CRISE ECONÔMICA DE 1929

Os gastos com a Primeira Guerra Mundial enfra­queceram a economia européia e provocaram uma forte retração do consumo, que abalou a economia mundial. Os Estados Unidos, ao contrário, enrique­ceram com a guerra, pois forneceram alimentos e produtos industrializados aos países aliados.

Entre 1918 e 1928, houve expressiva expansão da produção norte-americana. A prosperidade eco­nômica gerou o chamado american way of life (modo de vida americano). Havia emprego, os pre­ços caíam, a agricultura produzia muito e o consu­mo era incentivado pela expansão do crédito e pelo parcelamento do pagamento das mercadorias.

Em 1920, o Congresso norte-americano aprovou a Lei Seca (Volstead Act), que proibia a produção e o consumo de bebida alcoólica, sob a alegação de que era preciso preservar a sociedade dos malefícios da bebida. A Lei Seca não foi cumprida e resultou na for­mação de uma rede criminosa que produzia e contra­bandeava bebida. Criminosos, como AI Capone, fizeram fortuna com esse comércio. Em 1933, quando foi revogada, já estava completamente desmoralizada. Até na fazenda do senador que havia criado a lei encon­trou-se uma destilaria

Os benefícios do crescimento econômico, toda­via, não foram distribuídos igualmente para toda a sociedade: os pequenos proprietários de terras não podiam competir com as grandes fazendas mecani­zadas, os trabalhadores de baixa renda tiveram os sa­lários congelados por vários anos e houve uma intensa concentração de renda nas mãos de uma parcela pe­quena da população. Com a retração do consumo na Europa, as indústrias norte-americanas - que havi­am aumentado significativamente a produção - não tinham mais para quem vender.
A crise de 1929 foi, portanto, uma crise de su­perprodução: havia mais mercadorias que consumi­dores; conseqüentemente, os preços caíram. Os resul­tados foram o desemprego, a falta de opções para aplicar o capital, a queda dos lucros, a retração geral da produção industrial e a paralisação do comércio.
Uma grande parte da expansão industrial dos Es­tados Unidos se fez com a venda de ações das em­presas nas bolsas de valores. O mercado de valores funciona da seguinte forma: quando uma empresa precisa de capital para expandir seus empreendimen­tos, vende ações na Bolsa de Valores; os comprado­res dessas ações terão direito de receber parte dos lucros futuros da companhia. Mas, o mercado de ações é um mercado de risco, pois se a empresa tiver problemas graves, se houver prejuízo alto ou, mes­mo, uma falência, os investidores podem perder todo o dinheiro aplicado. Quando as empresas entraram em prejuízo, os capitais investidos em ações come­çaram a perder valor e houve uma corrida dos inves­tidores querendo vender suas ações. No final de outubro de 1929, a Bolsa de Valores de Nova York não suportou a pressão pelas vendas e foi obrigada a fechar o pregão ("crack da bolsa").
A queda do preço das ações foi tão espetacular que bilhões de dólares simplesmente desapareceram de uma hora para outra. Numerosas empresas fali­ram e muitos investidores cometeram suicídio.
A crise norte-americana repercutiu no mundo todo, exceto na Rússia, que vinha desenvolvendo sua economia sem muita dependência das finanças in­ternacionais. No Brasil, a queda do preço internacio­nal do café piorou a situação econômica do país e a situação política da elite cafeeira, que ocupava a Pre­sidência da República há três décadas. Por todo o mundo as demissões deixavam nas ruas milhões de desempregados que não tinham qualquer perspecti­va de melhoria. Ao mesmo tempo, a crise favoreceu a formação de fortunas nas mãos dos especuladores e de pessoas sem escrúpulos que se valiam da situa­ção difícil para explorar os desempregados.

New Deal (1933-1939)


Em 1933, Franklin Roosevelt assumiu a Presidên
­cia dos Estados Unidos e colocou em prática uma política de recuperação da economia, denominada de New Deal. Rompendo com os pressupostos do liberalismo econômico, Roosevelt usou o poder do Estado para intervir na economia.
O governo forneceu meios para que as pessoas voltassem a consumir, a fim de reaquecer a econo
­mia. O salário-desemprego e a formação de frentes de trabalho subvencionadas pelo governo deixaram de ser considerados gastos e passaram a ser vistos como investimentos.
As principais ações do
New Deal foram a criação do salário-desemprego, o incentivo a atividades que não produzissem bens, mas gerassem emprego (como a construção ou reparação de obras públicas), o au­mento dos salários dos trabalhadores de baixa renda, o controle dos preços dos gêneros de primeira neces­sidade e a concessão de empréstimos estatais aos produtores agrícolas arruinados. O plano deu resul­tado, e em apenas dez anos a economia norte-ameri­cana estava recuperada.

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