segunda-feira, 21 de março de 2011

A DINÂMICA INTERNA DO RELEVO

Vulcões em erupção, bem como tremores de terra, são ocorrências que podem causar muitos prejuízos, mortes e destruição. Por isso, o estudo desses fenômenos é extremamente importante para a humanidade.
            Conhecendo o assunto, é possível evitar danos maiores. Podem-se prevenir catástrofes com medidas de emergência e a retirada de populações das áreas de risco.
            Geralmente, podemos notar que vulcões e terremotos são muito freqüentes em certas faixas da Terra, em regiões que denominamos Círculo de Fogo.
            Isso acontece porque a crosta terrestre é formada por vários “pedaços” (placas) que se movimentam sobre uma camada viscosa, alguns centímetros por ano.
            Os movimentos das placas são responsáveis pelos agentes modificadores do relevo, originados no interior da Terra. A maior parte da atividade tectônica (deformação das rochas por forças internas) ocorre no limite das placas, isto é, no ponto onde elas interagem.
            Entre os agentes internos do relevo (formadores e modificadores), podemos citar: o tectonismo, o vulcanismo e os abalos sísmicos (terremotos). Todos eles estão ligados, de alguma maneira, ao movimento das placas tectônicas, causado pelo calor e pela pressão do interior da Terra.

            TECTONISMO

            O tectonismo ou diastrofísmo compreende to dos os movimentos que deslocam e deformam as rochas que constituem a crosta terrestre. Como disse mos, esses movimentos são causados por forças que vêm do interior da Terra e agem lenta e prolongadamente na crosta.
            O diastrofismo se manifesta por movimentos verticais (epirogênicos — do grego épeiros = conti nente) e movimentos horizontais (orogênicos — do grego ôros = montanha).
           
            MOVIMENTOS EPIROGÊNICOS

            São movimentos verticais que provocam abaixamento ou soerguimento da crosta terrestre. Realizam-se muito lentamente e são consequência da isostasia (ver explicação abaixo).
            A epirogênese pode provocar o rebaixamento de litorais pelas invasões do mar (transgressões marinhas), como no mar do Norte, e o levantamento da costa pelo recuo dos oceanos (regressão marinha), como na Escandinávia. Pode também soerguer ou rebaixar os leitos dos rios, modificando o seu trabalho erosivo. A epirogênese ocorre em áreas geologicamente mais estáveis.

            MOVIMENTOS OROGÊNICOS

            A orogênese ou “formação de montanhas” é resultado de pressões horizontais ou verticais do interior da Terra. São movimentos de pequena duração no tempo geológico, mas muito intensos.
            Como resultado desses movimentos, temos as dobras (dobramentos) e as falhas (falhamentos) ou fraturas. Se as rochas atingidas não oferecem grande resistência às forças internas, formam-se dobras.
            As dobras, portanto, são o resultado de forte compressão de rochas não resistentes às forças internas. Os dobramentos ocorreram em diferentes ocasiões do tempo geológico (eras Pré-Cambriana e Cenozóica).

          As falhas ou fraturas formam-se em áreas onde as rochas são rígidas e resistentes às forças internas e “quebram-se” em vez de dobrar. (Experimente pressionar um pedaço de plástico maleável e outro mais resistente. O primeiro se dobrará facilmente, porém o segundo deverá se romper quando a pressão for mais forte.) Caracterizam-se por um desnível de terrenos: uma parte elevada e outra rebaixada.

                                                                  ISOSTASIA

            O Princípio da Isostasia diz que o volume relativamente menos denso da crosta continental, em relação ao manto, permite que altas montanhas se equilibrem, do mesmo modo que o volume submerso do iceberg, mais leve do que o volume de água deslocado, permite que o iceberg flutue.

      
          A crosta continental (menos densa) flutua sobre o manto e nele se aprofunda como um iceberg no oceano. Nos locais onde o manto é mais espesso, o mergulho da crosta continental é maior. Logo, os blocos mais altos são os que mais afundam, compensando sua altura.


         
Como já mencionamos, além da epirogênese e da orogênese, outros movimentos internos, bem mais rápidos e também ligados aos limites das placas tectônicas, podem interferir no relevo terrestre. São as erupções vulcânicas e os abalos sísmicos (terremotos).

VULCANISMO

            Chamamos de vulcanismo os fatos e fenômenos geográficos relacionados com as atividades vulcânicas, através dos quais o magma do interior da Terra chega até a superfície.
            A manifestação típica do vulcanismo é o cone vulcânico e o amontoado de pó, cinzas e lavas forma do pelas erupções.
            O cone vulcânico, a chaminé, a cratera e a câmara magmática são as partes principais de um vulcão.
            Um vulcão expele uma grande variedade de materiais: magma (lava), gases, material piroclástico (fragmentos de vários tamanhos — desde partículas de poeira até blocos), cinzas e pó.
            Existem manifestações vulcânicas secundárias, como os gêíseres e as fontes termais.
            Os gêiseres expelem água quente no sentido vertical. Seus jatos podem durar segundos ou semanas e atingir muitos metros de altura. Seu funcionamento depende da quantidade e da temperatura da água subterrânea. Quando a temperatura da água se torna muito elevada, formam-se jatos de água no sentido vertical. A água expelida do interior da Terra se infiltra lateralmente no solo, é novamente aquecida e recomeça o ciclo das águas quentes.
            O balneário de Rotorua, na Nova Zelândia, exibe o fenômeno vulcânico sob a forma de gases e géiseres, nos jardins das casas, no meio dos campos e das pastagens, tendo se tornado uma região turística.
            Em alguns lugares, a água atinge camadas mais profundas, tornando-se aquecida. Quando aflora, com temperaturas elevadas, constitui uma fonte termal. No Brasil, são famosas as fontes termais de Araxá e Poços de Caldas, em Minas Gerais, e a de Caldas Novas, em Goiás.
           
O CÍRCULO DE FOGO

            A maior parte dos vulcões se localiza ao longo ou próximo do limite das placas tectônicas. São os chamados vulcões de limite de placas. Porém, alguns deles localizam-se no interior de uma placa tectônica, sendo por isso denominados vulcões intraplacas, cujo exemplo mais conhecido é o arquipélago havaiano, situado no interior da placa do Pacífico.
            Os vulcões de limite de placas alinham-se no “encontro” das placas tectônicas, no chamado Círculo de Fogo, que se estende pelos oceanos Pacífico e Atlântico e pelo mar Mediterrâneo. Temos vulcões tanto nos limites de divergência como nos limites de convergência das placas tectônicas.
            Em limites de divergência, geralmente no fundo do mar, ocorrem quase 80% das manifestações vulcânicas da Terra O movimento do manto afasta as placas, e o magma preenche o espaço que se forma entre elas.
            Na cadeia Meso-Atlântica temos uma sequência de vulcões entre as placas Sul-Américana e Africana. Na Islândia, onde a dorsal Atlântica está a céu aberto, a atividade vulcânica é visível e mais intensa que a submarina.
            Nas zonas de convergência (subducção) também ocorrem ilhas vulcânicas, que podem se apresentar em forma de arco vulcânico, como o Japão, a Indonésia, as Filipinas e as Marianas. Os vulcões dos Andes formaram-se na zona de subducção das placas de Nazca (oceânica) e Sul-Americana (continental).

ABALOS SÍSMICOS

            Uma das manifestações mais temidas e destruidoras dos movimentos da crosta terrestre são os terremotos ou abalos sísmicos.
            Quando as forças tectônicas atuam prolongadamente em áreas de rochas duras, elas provocam fraturas ou o deslocamento de camadas Se uma das camadas se mover horizontal ou verticalmente, serão produzidas ondas vibratórias que se espalham em várias direções, causando um terremoto. Portanto, o terremoto é produzido pela ruptura das rochas provocada por acomodações geológicas de camadas internas da crosta ou pela movimentação das placas tectônicas.
            Em limites transformantes, onde não há convergência nem divergência de placas, é comum ocorrerem terremotos. Podemos citar como exemplos desse tipo de limite a falha de San Andreas, na Califórnia, Estados Unidos, e a falha da Anatólia, causa do terremoto ocorrido em 1999 na Turquia (veja o mapa abaixo).
            O ponto onde o terremoto se origina recebe o nome de centro ou foco.
            O ponto da superfície terrestre diretamente acima do centro é o epicentro, onde o terremoto é sentido com maior intensidade.
            O aparelho usado para medir a intensidade de um terremoto é o sismógrafo, que segue a escala Richter — uma escala com 10 graus, cada um indicando uma intensidade 10 vezes maior que o anterior.