segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O povoamento do Brasil

Enquanto a Espanha enriquecia com o ouro e a prata do continente americano, Portugal fazia fortuna com as especiarias do Oriente.
Nos primeiros 30 anos do século XVI Portugal começou a colher os frutos das grandes navegações. A bandeira portuguesa passou a ser vista em todos os oceanos, na África, na Ásia e na América. As feitorias e fortalezas portuguesas estavam espalhadas pelos quatro cantos do mundo.
Não demorou: porém, para que o lucro do comércio português com o Oriente começasse a. Isso se deu, principalmente pelo crescimento das despesas. A presença portuguesa no Oriente nunca foi aceita pacificamente pelos concorrentes orientais (turcos, chineses, árabes).
Para conseguir comerciar, Portugal tinha de armar enormes esquadras. Uma dessas esquadras, a que se destinava a conquistar Diu, entreposto comercial indiano, se compunha de 400 navios, com mares de pessoas. Armar essas esquadras custava muito dinheiro. Nos 30 primeiros anos, o lucro com o comércio de especiarias era tão grande que pagava aquelas despesas e ainda sobrava bastante para o rei! para os comerciantes e para os navegadores.
Mas quanto mais especiarias Portugal trazia, maior era a oferta e menor seu preço. O lucro do comércio oriental começou a diminuir O comércio oriental deixava de ser um grande negócio.
O grande negócio nesses tempos já não estava no Oriente, mas no Ocidente. Eram as toneladas de ouro e prata que os espanhóis retiravam das suas colônias americanas.
A Portugal também coube uma parte do continente americano. Nessas terras: que passaram a se chamar Brasil, o ouro e a prata ainda não tinham sido encontrados. O rei de Portugal tinha fortes motivos para acreditar que nessas terras também haveria metais preciosos. Bastaria estimular as pessoas a procurá-los.
O rei de Portugal, d. João III, tinha dois problemas em relação ao Brasil: descobrir metais e pedras preciosas e proteger a terra das investidas de outros países europeus.
Para proteger a terra, a melhor solução seria povoar. Com mais gente, seria mais fácil também organizar expedições para procurar riquezas no interior.
D. João III deu a Martim Afonso de Sousa a tarefa de chefiar a expedição que assentaria as bases do povoamento do Brasil. Assim, em 1 530, ele chegou ao Brasil com apenas 400 pessoas e cinco embarcações. Trazia soldados, trabalha dores e padres.
Martim Afonso de Sousa era um conquistador valente e ousado. Do mesmo porte que Cortez e Pizarro. Para estimular a sua coragem, o rei deu-lhe muitos títulos e poderes nas terras do Brasil. Foi nomeado capitão das terras brasileiras. Com tais poderes, ele fundou a vila de São Vicente e com isso iniciou a colonização portuguesa na América.
Uma vila representava muito mais do que uma feitoria. Esta tinha poucas pessoas, um armazém, um ancoradouro e um pequeno forte, geralmente de madeira. Atendia às necessidades de armazenamento de produtos que iam para Portugal, proteção e reabastecimento de navios ao longo das rotas de comércio. A vila era um núcleo permanente de população. Tinha que ter uma igreja, uma praça central, uma cadeia, um pelourinho e uma sede administrativa.
Martim Afonso distribuiu terras e escolheu os administradores da vila. Organizou também duas expedições para procurar metais no interior. A primeira delas voltou sem nada encontrar, e a segunda desapareceu, provavelmente massacrada pelos índios.
Martim Afonso combateu ainda navios franceses, que continuavam vindo buscar pau-brasil, e fez um reconhecimento em toda a costa brasileira.
Pouco tempo depois do retorno de Martim Afonso de Sousa a Portugal: d. João III decidiu povoar ainda mais o Brasil. Todavia, o tesouro real não tinha dinheiro suficiente para financiar a vinda e a manutenção de um grande número de colonos. A solução seria os colonos virem por conta própria. Para isso teriam que ser estimulados.

A divisão do Brasil

A solução encontrada não era nova em Portugal. Adotou-se um sistema que já tinha dado certo nas ilhas do Atlântico: o sistema de capitanias hereditárias.
O que vem a ser isso?
O Brasil foi dividido em 15 partes. Essas partes foram entregues a 12 donatários de confiança; a maioria deles eram pessoas que haviam se destacado nas conquistas portuguesas na Ásia. Martim Afonso ficou com duas e Pero Lopes, irmão dele, com três.
Essas pessoas receberam o título de capitão, que na época era muito importante. Por isso suas terras se chamavam capitanias. Os filhos dos capitães tinham o direito de herdá-las, por isso eram chamadas de capitanias hereditárias.
O que impressiona é ver o enorme poder de que dispunham os capitães. Eram eles, ou as pessoas por eles nomeadas, que prendiam e julgavam. Não pagavam impostos e ainda ficavam com uma parte do que a população da capitania pagava ao rei. Além disso, podiam doar terras a quem tivesse recursos e quisesse instalar uma fazenda.
O rei de Portugal: como todos os reis europeus do período, mandava sem interferências. Não dividiam o poder com ninguém. Certamente não devia lhe agradar o fato de dar tantos poderes aos capitães. Mas essa era a única forma de estimulá-los a investir o seu dinheiro e a sua bravura no povoamento do Brasil.
O Brasil deveria fornecer metais preciosos e gêneros agrícolas tropicais para Portugal. O sistema de capitanias hereditárias tinha tudo para dar certo, mas não deu.

Muito índio e pouca riqueza

O sonho de d. João III montar no Brasil um sistema de povoamento e de exploração em que os colonos gastassem seu próprio dinheiro não deu muito certo.
Primeiro, porque faltou dinheiro. Muitos donatários tinham, mas não estavam dispostos a investi-lo no Brasil na montagem das atividades produtivas. Estavam acostumados a lucrar com o comércio oriental, negócio mais seguro e menos trabalhoso do que produzir no Brasil Para isso, era preciso derrubar a floresta, lavrar e semear a terra, cuidar das plantações, colher, armazenar e comercializar a produção. No caso da produção de açúcar, o trabalho era muito maior e exigia mais equipamentos e capitais.
Por causa disso, alguns capitães donatários nem sequer vieram ao Brasil. Outros, como o de Itamaracá, vieram, mas rapidamente retornaram para Portugal. Voltavam dizendo que as poucas riquezas que podiam ser extraídas no Brasil não compensavam o sacrifício.
Segundo, porque os índios não estavam dispostos a dividir suas terras com os portugueses. Nos primeiros 30 anos após a descoberta, os contatos entre índios e portugueses foram relativamente pacíficos. A atividade econômica que os portugueses desenvolveram nesse período, o escambo do pau-brasil, não os obrigava a ocupar a terra. Eram contatos amistosos porque os índios nem sequer imaginavam que os portugueses se consideravam os donos da terra.
Mas, quando os colonos começaram a chegar, derrubando florestas e implantando fazendas, eles começaram a perceber que os portugueses tinham vindo para ficar, isto é, para tirar as terras deles. A sua maneira, isto é, pela guerra, resistiram e passaram a atacar os portugueses.
Nos primeiros tempos do povoamento português, a resistência armada que os índios opuseram foi um forte motivo para que muitos donatários desistissem da experiência colonizadora e voltassem para Portugal. Outros não tiveram essa sorte. Foram mortos pelos índios.
Francisco Pereira Coutinho, donatário da capitania da Bahia, foi um desses casos. Logo que aqui chegou, construiu uma vila, uma pequena fortaleza, dois engenhos e deu terras para que outros colonos montassem várias fazendas de cana-de-açúcar Nos seus primeiros anos de Brasil, tudo ia às mil maravilhas.
Não tardou muito para que os tupinambás destruíssem tudo e matassem muitos colonos. Seguiram-se sete anos de combates. Durante esse tempo, os portugueses estiveram na defensiva. Protegendo-se para não morrer.
Até que um dia, cansado de tantos combates, o donatário, acompanhado de alguns co resolveu abandonar tudo e voltar para Portugal.
Na viagem de volta, ao chegar a Ilhéus, receberam a visita de um grupo de tupinambás, que lhes propuseram a paz e pediram que votassem.
Contentes com a notícia, eles retornaram para a capitania. Contudo, naufragaram pouco antes de chegar a Itamaracá. Conseguiram se salvar e nadar até a praia. Só que, aí chegando, foram mortos e devorados por índios de outra tribo. O único que conseguiu escapar com vida desse banquete foi o português Diogo Alvares Correia, o Caramuru. Isso porque ele sabia falar a língua desses índios.
Também mortos pelos índios foram os donatários das capitanias do Ceará e do Espírito Santo. Um outro que também retornou foi o donatário da capitania de São Tomé. O fato é que em todas as capitanias os combates eram constantes.

As exceções à regra


No meio de tantos fracassos, algumas capitanias conseguiram alcançar o objetivo para o qual foram criadas, isto é, povoar e produzir gêneros agrícolas de alto valor comercial na Europa. E o caso das capitanias de Pernambuco, São Vicente, Porto Seguro e Ilhéus.
O sucesso dessas capitanias pode ser explicado porque seus donatários souberam lidar melhor com a resistência indígena. Em Porto Seguro, que foi o local onde Cabral desembarcou, portugueses e índios já viviam juntos há mais de 30 anos. Nas outras três, os colonos estavam muito bem armados e souberam resistir aos vários ataques indígenas.
Outro motivo importante para explicar o sucesso dessas capitanias é o fato de seus donatários estarem dispostos a in vestir bastante dinheiro. Puderam montar engenhos de açúcar, comprar bois e instrumentos agrícolas, além de pagar soldados para a proteção das fazendas.
Assim que as fazendas começaram a produzir açúcar, algodão e arroz, os investimentos começaram a dar lucros para os donatários e colonos. Esses produtos eram exportados, pois tinham alto valor no comércio europeu.
Certamente, o preço do açúcar e a grande quantidade de terras próprias para a plantação de cana devem ter mostrado ao rei de Portugal que a sua colônia americana poderia render mui to mais do que estava rendendo.

Unindo o Brasil


A fim de incentivar as atividades econômicas e melhor controlar os donatários, d. João III ampliou a sua administração no Brasil. Isso foi feito em 1548, com a criação do cargo de governador do Brasil. A partir dessa data, todos os habitantes da colônia deveriam obedecer ao representante do rei.
Nos esquemas abaixo, podemos observar como era a organização do poder antes da criação do governo-geral e como ficou depois.



O primeiro governador-geral, Tomé de Sousa, que chegou ao Brasil em 1 549, além de fundar a primeira capital do Brasil, a cidade de Salvador, trouxe uma série de leis que iriam determinar os poderes dos futuros governadores.
Governar o Brasil significava ter de cumprir uma série de tarefas. Havia as tarefas militares, como as de proteger o litoral brasileiro e impedir ataques dos índios. Devia incentivar a produção do açúcar e de outros produtos agrícolas para a exportação, além de procurar metais preciosos e impedir o contrabando.
Para ajudar o governador nessas tarefas, o rei criou três cargos. Para a chefia das atividades militares, o capitão-mor. Para aplicação da justiça, o ouvidor-mor. Para as tarefas econômicas, o provedor-mor.
As leis não eram elaboradas no Brasil Vinham prontas de Portugal. Ao governador e demais funcionários cabia aplicá-las.
A criação do governo-geral no Brasil não significou o fim do sistema de capitanias hereditárias. Os capitães donatários continuaram atuando. Só que perderam a maior parte do poder que tinham. Antes, eles mandavam e desmandavam nas suas capitanias. Agora, novas autoridades mandavam mais do que eles.
Com o governo-geral, Portugal criou uma administração centralizada para a colônia. Por si só essa medida não estimula ria a vinda de mais portugueses para colonizar e investir no Brasil. Mas o açúcar es tava dando grandes lucros e o seu consumo aumentava na Europa. O Brasil era, praticamente, o único produtor.
Dessa forma, vir para o Brasil e montar engenhos se tornou um grande negócio.
Assim, por volta de 1570, várias regiões do continente americano já estavam insertas na economia européia através do comércio. A América espanhola, fornecendo metais preciosas e gêneros agrícolas. A América portuguesa: fornecendo pau-brasil e açúcar.
Os co passaram a ter renda para comprar produtos
europeus. Com isso começava a se formar um mercado consumidor no continente americano, estimulando a economia européia.
Esse crescimento econômico foi um dos fatores da pro funda transformação que a sociedade européia sofreria. Ela se deu na arte, na ciência, na religião e na política.


2 comentários:

Dorival P Garcia - Pesquisador em pellets disse...

o usando estes textos para o telecurso!
Valeu Professor, Eliseu!
Prof. Dorival

Anônimo disse...

Harrah's Casino site is now live - Lucky Club
Casino site is luckyclub.live now live. Casino site is now live. Harrah's Casino site is now live. Casino site is now live. Casino site is now live. Casino site is live. Casino site is now live.